dezembro 09, 2004

Uma Lição

Mestre, meu mestre querido
Aquem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou.
Seguro como o Sol fazendo seu dia involuntariamente.
Natural como um dia, mostrando tudo.
Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
Meu coração não não é nada.
Meu coração está perdido.
E depois, por que me ensinaste a clareza da vista,
Se não pudeste me ensinar a ter a alma com quem a ver clara?
E por que me chamaste para o alto dos montes,
Se eu, criança das cidades do vale, não sabia respirar?

(Fernando Pessoa)

Lv.

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