A luz daqui é toda cinza. A sala toda fica com a cor das persianas das janelas, que vivem fechadas e mal entra uma frestinha de luz, sequer. As pessoas são gris como a luz que penetra pela janela. E eu não gosto de cinza porque me deprime e me deixa apagado. Já havia mencionado isso antes.
Levanto-me pouco durante o dia. Prefiro ficar quieto no meu canto, fazendo meu trabalho, ganhando meu bronzeado de escritório. Não quero ser visto, e prefiro ser pouco ouvido. Somente o necessário e me basta. Eu prefiro essa discrição, sem grandes floreios, nem arroubos. De vez em quando eu dou uma risada a mais e na seqüência já me culpo por ela e desisto na próxima piada, me colocando alheio ao assunto. Não era muito reservado, mas agora sou.
E sinto um sono que não cabe em mim constantemente. É como se estivesse em transe, funcionando pela força do hábito, ligado para não perder nenhum detalhe, mas alheio a mim mesmo. Sim, eu me apago durante o dia, me anulo em troca de uns trocados. Economizo na expressão e assim seguem meus dias.
Quando consigo sair, já não há mais sol. Tudo bem, porque também gosto da noite, e tenho visto noites lindíssimas, com céu estrelado, mesmo no meio da cidade.
Estou estranho hoje, meio poético, sei lá...
Lv, as usual
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